2.8.07

Derretendo.



Sorvete. Diria que me sinto, hoje em especial, como sorvete. Que estava lá firme, bonito, palpável, aparentemente resistente... ora ou outra, vai derreter e sumir. É exatamente como me sinto, agora. Agora, neste exato segundo e igual a 59 segundos atrás. Por segundos, minutos e algumas horas. Como se fosse derreter sem ter a chance de fazer nada. Não posso nem mesmo voltar e resistir ao processo, já passou. Processo que não pediu permissão para começar, chegou sem aviso prévio e daí se instalou.

Imagino que muitos, pelo menos um dia, já se sentiram assim. Derretendo, sumindo. E o que há de se fazer? Mais nada. Se dependesse de algum sentimento de resistência, sentiria com toda força para que parasse com o processo. Mas não consigo e assim permanece com mil e uma interrogações... porquês e poréns.

Se o imbecil do homossapiens soubesse controlar seus pensamentos e sentimentos, certamente ninguém derreteria tão facilmente. Mas já que não dá mais jeito, eu aceito a condição. E entro em confusão mental, mais uma vez. Filha da puta! Vontade de assinar atestado de óbito ao qualquer sentimento que sinto agora, fora de controle. Detesto estar fora de controle. Não aceito e reluto. Justamente. Por isso derreto. Aceito e não consigo aceitar, assim, simplesmente porque existe. Aceito a condição por vias de fato, é inevitável vendo que eu mesma me coloquei a disposição e a mercé do tal sentimento. Fora de controlo fico como já fiquei outras tantas vezes. E por estas tantas outras vezes que eu não aceito mais sentir. Enrolando? Talvez. Estou me enrolando e enforcando contra meus próprios princípios. Maldito seja o filho da puta do sentimento.

Mas o que há de se fazer se para viver terei que senti-lo até o fim da vida? Os estúpidos ainda não conseguiram viver sem... só sou mais uma estúpida. O que há de se fazer...

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