20.10.08

Ela é...

Ana também sabe o gosto amargo de ser o que é. Ana já passou pela dor e hoje dói de ver ela passar. Mas não é dor doída não. É ferida. É pior. É ausência, e dói calada.
Vai um café puro, outro com leite, um pedaço de bolo. Abre-se caixas, lembranças doces, amargas, fortes demais. As lágrimas veêm, nas duas. Lágrimas do coração, lá de dentro. Não chegam a escorrer, nem chegam a brilhar os olhos de emoção, é só a dor da ausência ferida.
É triste de ver, mas no fundo, no fundo... eu sei, que ela é forte. Forte suficiente para vencer a dor e esperar o melhor momento. Imagina! Ana nunca o faria. Não aguentaria. É muito veroz. Mas ela não. A dama espera, acalma o coração dela e dos outros quando precisam de calma.
Ana se pega pensando: "qual o problema dele? Não é possível que não saiba e não queria a urgência deste amor e desta mulher. Esta mulher maravilha! Porque com ela? Porque com minha amiga?"
Mas não adianta. Ela é a menina da melissa roxa. Ele é o cara do all star sem cadarço. Ela é a mulher do batom vermelho e vestidinho preto de babado e ele é o cara do escondidinho. Não dá jeito certo, não tem receita não.

 Toquinho e Vinícius - Regra Três

Um comentário:

Samantha Steil. disse...

Teu texto é lindo.
Parece saído da minha caixa, que só você entrou.
E eu queria morar lá. Tem muitas dores, mas tem o amor maior do mundo.
O meu
O dele
O nosso
O do café
O da chuva
O das risadas
Todos assim
Sem ponto