23.3.11

Perde-se o sono, a cama estremece e os pensamentos te sufocam. As palavras caminham como sem rumo, para qualquer direção, fazendo conexões infindáveis onde a lógica não permite mais alcançá-las. É difícil ser cúmplice do silêncio. Mais ainda para os amantes soturnos, amantes das madrugadas. O que traz tanta falta? Será a tal poesia que não sai da cabeça? Será a epifania fatídica daquela noite de carnaval? Será a ausência da ausência de...?
Penso que pode ser aquele do ônibus, que lia compulsivamente. Que pode ser a tristeza da menina que encontrei na esquina, a tristeza e a esquina de sempre. Que pode ser aquele que sempre passa por mim, todo dia no mesmo horário. Que olha, pára e repara. Passa, e passamos... sempre, sem olhar para trás.
Penso que pode ser o adjetivo que engoliu meus pensamentos. Que pode ser a mensagem que recebi no começo da semana. Ou o fato das coisas existirem e acontecerem, independente da nossa existência.
Essa ausência da ausência é que corrói, que deixa marca e que destrói qualquer esperança mínima de limitar-se ao banal. E justo a banalidade das coisas que é tão mais palpável, mais fácil de conviver. Para que tudo isso? Pensar em tudo como se tivesse que haver porquês? Ah, a banalidade. Seria tão mais fácil...

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