3.7.11

pelas manhãs

É como se ela acordasse para viver, todos os dias, ao som daquela respiração. Sentia medo de abrir os olhos para não ter a certeza que estava sozinha na cama e que não havia ninguém para acompanhar o gosto amargo do primeiro café.

Pensava em como era ser feliz de manhã. Bem queria e tentava! Ligava o som, arriscava cantar, tentava um passo ou outro, mas nada e nada mudava suas manhãs. Nada e ninguém. No fundo e com toda raiva imaginável daquele falso sorriso canastrão, ela sabia e sempre soube que sentiria falta. A falta era só dele, com toda aquela alegria matinal que tanto a incomodou durante os longos dez anos de casamento. Era o sorriso de bom-dia, o café com torradas na cama, o cobertor mal dividido e cada trilha sonora matinal que os acompanhou dia-a-dia naquele apartamento.

Ela só não queria admitir, mas no fundo sabia da falta. E sabia que nunca mais seria tão feliz. Pela menos pelas manhãs.

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