17.12.11

coisa de vivência

   Às vezes tenho muita vontade de falar muitas coisas pra muita gente. Hoje acho isso fantástico porque antigamente era constante e eu não deixaria esse "time" passar, pelo contrário (!) ia à luta e fazia jus aos meus valores. Colocava a boca no trombone, como se diz por aí. Confesso que na maioria das vezes eu ficava decepcionada com as conversas porque elas não evoluíam. A medida que eu pensava mais e tentava explicar minhas ideias (inovadoras, surreais ou bobas, que seja) as pessoas ficavam com receio da minha postura - sempre segura - e assim mantinham-se ora em silêncio, ora discordando - mesmo que sem um pingo de seriedade com a conversa toda. E ainda tinha o pudor. Ah! bendito pudor! Pensava: "a verdade dói e é difícil de aceitá-la", assim, poupava ambos os lados: omitia as arestas mais ardilosas para não magoar o receptor e tentava confessar os pensamentos mesclando verdade com preocupação e carinho - que na época era sinônimo de omissão da verdade total.  
     Aí de repente tudo passa tão, mas tão rápido que você nem percebe a brusca mudança. Do casulo para a vida, literalmente. Vê-se livre, solta, liberta, mais mulher e mais crítica, muito mais que antes! O que era tão difícil manter (a espírito de criticidade que às vezes ficava por trás do amor besta da leonina) soltou-se de tal maneira que mal consegui me reconhecer no espelho. Parecia que até a pele havia mudado. O cabelo, algumas marcas de expressão que começavam a despontar, as mãos um pouco cansadas do trabalho, a gratidão iluminando o rosto, o corpo mudando, engordando... de dentro para fora, tudo mudando. Era um grande reflexo daquela alma que se via, enfim, livre. No espelho, "se percebendo", ficava fácil até de visualizar aqueles pássaros todos saindo de mim. Foi tudo muito natural e por isso, glorioso. 




      É difícil percorrer o caminho mesmo. Sabemos onde queremos chegar, enxergamos claramente de onde saímos, mas o caminho.... ah, o caminho das pedras é longo, quase infinito para quem o vê do começo da estrada. Metaforicamente demora o tempo que queremos porque na verdade é tudo uma questão de percepção, como eu já pontuei. Agora de verdade mesmo? Parece eterno, mas sabendo viver bem - que é o ponto nevrálgico da tese - nesse processo, a transição ocorre tão naturalmente que não se dará tempo de pensar nela. É como um nascimento, a saída da borboleta do casulo, é uma tal liberdade que não se sabe definir em palavras... só sabe-se que aconteceu.
   E posso afirmar com toda "panca" que a maturidade (essa que a gente conquista mais e mais, todo dia) vai aflorando a calmaria de viver bem e conseguir estar alheio às falsidades e todas as pequenices desse mundão, aquietando a alma e alertando o coração para as coisas realmente importantes. Hoje basta-me viver bem e feliz, aceitando que vem é a colheita do que eu vivi, caminhando avante e confiante para o futuro e agradecendo - sempre - o presente. Tudo então se torna mais leve, mais claro e a opinião, cada vez mais sólida. É tal segurança do "perceber-se".

Um comentário:

Anna Carla Lourenço do Amaral disse...

Ah, é o tal do orai e vigiai ou como diz minha terapeuta é o vigiai que vem primeiro, rs.
Tem tudo a ver mesmo com as nossas conversas. E é muito bom mesmo perceber-se livre, livre não dos outros, pessoas ou condicionamentos mas das amarras que nós mesmos nos colocamos sem querer ao longo da estrada.
Agora minha amiga, é só correr pro abraço!
Beijos.